QUE FOME É ESTA?
Sylvia Cohin
Manchetes, protestos, assombro.
De repente sonhos e anseios de um fim de ano, desabam
sob chumaços de fumo negro vomitado sob o céu de um mundo
aturdido e sufocado pela náusea do ódio fratricida.
Os povos mais uma vez a guerrear pelos mesmos motivos...
Invocam deuses mas escudam-se neles para matar.
Os mesmos homens que pregam Justiça e Paz em nome de seu deus,
são capazes de levantar a arma e matar em nome dele também.
Salta aos olhos o silêncio assustador das religiões. O que dizem
suas vozes tíbias espalhadas pelo mundo, enquanto voam pelos ares
pedaços de gente, vísceras expostas e "propostas orquestradas"
como peças de um jogo sujo de azar... Azar de quem?
Se religiões não 'pegam em armas', onde seu Grito de Paz?
(Que diferença faria neste cenário de barbáries!)
Os homens, massa de manobra à mercê da "divindade" e do "poder",
ainda que à custa da destruição de quem seja,
entremeiam súplicas humanitárias... que patético
niilismo atávico, sob o governo da insanidade coletivizada!
Terão os deuses uma fome específica? Alimentar-se-ão dos mais fracos
e incultos?Beberão do cálice rubro de sangue no altar dos sacrifícios?
Quem dera Hoje, fôssemos melhores que Ontem, quando mal sabíamos
pensar, e matávamos para comer.
Quem dera as desditas importassem de fato...
Quem dera fossem outros, os marcos de fronteira
e o significado de 'ser igual'.
Certamente os Credos estariam cumprindo seu papel
para honra dos deuses que professam e não seria tão simples
manejar os cordéis do pensamento, nem os Povos.
A obscuridade do Bem e do Mal que nos habitam, “cega" a razão.
Que cegueira é essa que nos põe a todos tão vulneráveis?
Cada vez mais...
Esta é a GULA de uma Fome sem limites onde vale tudo,
menos a coragem de confessar:
"Na verdade, só me importa o Meu quintal".
Com isenção, ver-se-ia da moeda, as duas faces;
do bom senso, o aceno;
e bastaria uma fiel balança sob o Peso da Ponderação.
Se não há olhos nem ouvidos capazes de OUVER,
então seremos somente espectadores das guerras ou espectros da paz
porque a PAZ sonhada, passa por caminhos que o homem desconhece.
Não nos devore esta maldita fome que certamente, não é Divina.
Não me devore esta revolta inútil!
Sylvia Cohin
BRASIL, IX - I - MMIX
Um comentário:
Gília, obrigada pela visita e pelo carinho de suas palavras em meu blog.
Beijos em seu coração
Márcia
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