segunda-feira, 15 de março de 2010

"DESPEDIDAS" Affonso Romano de Sant'Anna


Começo a olhar as coisas como quem, se despedindo,
se surpreende com a singularidade
que cada coisa tem de ser e estar.

Um beija-flor no entardecer desta montanha
a meio metro de mim, tão íntimo,
essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
daqui a pouco, que intimidade tenho com as estrelas
quanto mais habito a noite!

Nada mais é gratuito, tudo é ritual.
Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm os que amando tudo o que perderam
já não mentem.

3 comentários:

Ana Cristina Penov disse...

Affonso Romano de Sant'Anna, impossível viver sem sua poesia!

Marise Ribeiro disse...

Amei a escolha do texto, querida Gilia!
"Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm os que amando tudo o que perderam
já não mentem."
E por pensar assim e por amar assim, aplaudo Affonso Romano e sua sensível alma ao divulgá-lo pra nós.
Meu carinho voando do Rio,
Marise

Ana Cristina Penov disse...

Gilia, amo o seu blog e fico muito feliz por visitar o meu.
Em relação a Affonso Romano, é impossível descrever o que sinto quando leio seus poemas. Eles
realmente amaciam meu coração.Beijos