terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Algo essencial, de SYLVIA COHIN

Desconfianças...
(Para Vera Mussi)

Desconfio
Que vivemos fases semelhantes por vertentes distintas, mas não ousamos confessar porque admitir machuca.

Desconfio
Que poucos, muito poucos, entenderiam o contorcer de um coração a gritar, no âmago, sem, contudo, conseguir extravasar.

Desconfio
Que ficamos paralisados, enquanto os pés querem fugir. Que ficamos mudos, porque não sabemos dizer, e, ainda que conseguíssemos, de nada valeria porque seria NADA para o mundo, e guardado no peito, é TUDO.

Desconfio
Que estamos em xeque-mate, sem tabuleiro. Em confronto, sem guerra. Entre o silêncio das certezas e o alarido das dúvidas.
Campeando raios de Lucidez, deixamo-nos levar sem emoção, sem apegos, rumo a nova dimensão, bravamente serenos, singrando o horizonte das Revelações.

Desconfio
Que já não há poesias porque somos a Poesia feita história, rastro de trajetória, e com a coerência de quem não sabe, mas pressente, desconfio que paramos numa encruzilhada, a escolher um rumo:
Passado? Futuro? Presente?

Desconfio
Apenas desconfio dessa vida, sempre um desafio, desse cansaço estéril, e ainda que essa longa estrada acene Auroras que não se cansam de apagar as noites, cumprimos cada etapa da viagem que nos cabe, sob o olhar clemente da Eternidade.

Em 12 de fevereiro de 2012.
 Sylvia Cohin

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